quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O vinho realmente faz bem à saúde?




Hoje em dia o consumo moderado de vinho, especialmente o tinto, está sendo associado com benefícios à saúde, mas será mesmo que uma bebida alcoólica pode trazer alguma vantagem ao organismo?


Pesquisas mostram que o consumo de pequenas doses de vinho diariamente pode reduzir o risco de doenças cardíacas, isso se deve a grande concentração de flavonóides nessas bebidas, substâncias antioxidantes que possuem a capacidade de aumentar o HDL colesterol (colesterol bom). O aumento do HDL está associado a diminuição da pressão arterial e da incidência da aterosclerose (entupimento das artérias coronárias).


Apesar de todos esses benefícios, o vinho ainda é uma bebida alcóolica com teor de álcool moderado (aproximadamente 12%), e por isso ele traz todos os efeitos prejudiciais de bebidas alcóolicas. O álcool, presente em qualquer bebida alcóolica, é considerado uma droga e sua metabolização gera compostos altamente tóxicos, como o acetaldeído, que em excesso não é degradado em compostos menos tóxicos, causando diversos mal estares e prejuízo para o equilíbrio do organismo.


Hoje é consenso entre a maioria dos profissionais de saúde e pesquisadores que o consumo de vinho, mesmo em quantidades pequenas, não é aconselhável para previnir doenças cardíacas. É possível obter todos os mesmos benefícios do vinho através do consumo da uva. Portanto, é melhor trocar uma taça de vinho por um bom cacho de uvas!




Bibliografia:










Álcool e Gravidez... Não! - Parte II

Dando continuidade ao meu outro post, agora irei aprofundar quanto ao que, de fato, ocorre no organismo da mãe e do bebê.

O retardo mental, característico da SAF é devido aos danos cerebrais causados pelo efeito do álcool. Moléculas tóxicas são formadas e induzem a morte celular assim como uma menor energia para as atividades da célula. Atividades essenciais, como inibição da síntese de insulina e redução do seu posterior transporte, geram problemas no neurodesenvolvimento do bebê.
“O prejuízo do desenvolvimento cerebral intrauterino provocado pelo etanol também pode ser evidenciado pelo volume diminuído do cérebro/estruturas cerebrais e alterações na sua constituição. O gyrus dendatus, parte do hipocampo - região cerebral crucial para memória, aprendizado e atenção -, tem o seu desenvolvimento diminuído pelo álcool.”



O álcool (etanol) gera diversas reações de desequilíbrio no organismo, pois há um grande estresse oxidativo causado por seus efeitos tóxicos. Quando o acetaldeído é oxidado à acetato (assunto que abordarei no meu próximo post), tem-se um aumento na formação de radicais livres (superóxido e hidroxila) que atacam moléculas (como ácidos nucléicos, proteínas, carboidratos e lipídeos) causando danos que implicarão em uma morte celular. Além da ação dos radicais livres, tem-se, também, uma diminuição das defesas endógenas antioxidantes, que atuam nos radicais (superóxido e hidroperóxido).

“Os déficits cognitivos associados à DEAF parecem ser consequência de alterações moleculares que prejudicam a plasticidade neuronal, que é a capacidade do cérebro de se moldar e estabelecer conexões essenciais para os processos de aprendizado e de memória. A exposição ao álcool regula negativamente os receptores NMDA e toda a cascata posterior (onde participam mensageiros como o cálcio e o AMP cíclico), que culmina na ativação da transcrição de genes relacionados à plasticidade neuronal.”

O álcool afeta as moléculas sinalizadoras dos fatores de crescimento, a sinalização celular e causa dano hepático na mãe e no bebê.
Os fatores de crescimento, com o efeito do álcool, mudam a replicação do DNA. “Tem sido demonstrado que o etanol aumenta o tempo em G1, atrasando o ciclo celular, e decresce o número de células proliferativas. S duração da fase S foi significativamente prolongada e que as CDK2 tiveram atividade e expressão diminuídas.”
Em se tratando de sinalização celular, tem-se uma diminuição da proliferação e um favorecimento da morte celular
“No sistema nervoso central, a insulina e os receptores IGF-1, que são mediadores críticos do crescimento neuronal, viabilidade celular, função metabólica e formação de sinapses, estão expressos abundantemente e são alvos da toxicidade do etanol, que leva à perda neuronal. O etanol diminui a produção de IGF e toda a sinalização de sobrevivência mediada pela insulina, levando à hipoplasia cerebelar.”
“A concentração sanguínea de álcool depende da quantidade de álcool ingerida e absorvida pelo trato gastrointestinal, do volume de distribuição no organismo e da razão de eliminação. A maioria dos tecidos do organismo contém enzimas capazes de metabolizar o etanol, mas a atividade significativa dessas enzimas ocorre no fígado e, em menor extensão, no estômago. No fígado, o etanol gera um excesso de equivalentes de redução, especialmente o NADH, provocando um distúrbio no metabolismo e danos hepáticos.”
Os danos hepáticos ocorrem, pois há uma diminuição na disposição de selênio, que é fundamental para o processo do antioxidante glutationa (importante detoxificante hepático), que provoca um desequilíbrio no metabolismo redox hepático e aumenta o estresse oxidativo.
“A má nutrição diminui o metabolismo do etanol por meio da diminuição da expressão da enzima aldeído desidrogenase hepática, aumentando a concentração sanguínea do álcool. O etanol e a má nutrição simultânea diminuem em 50% os níveis do IGF-1 (que também é importante para o desenvolvimento fetal e placentário).”
Bom, é isso... Obrigada.

Referências Bibliográficas:
- http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832011000300006&lang=pt
- Google Imagens

Álcool e Gravidez... Não! - Parte I

Olá pessoal,
Assim, como a Paty, irei falar de coisas que não combinam com bebida alcoólica. Esse meu segundo post será sobre um tema muito importante, principalmente se tratando das mulheres. Meninas, vocês realmente sabem o porquê dos médicos falarem para não beber durante a gravidez? Às vezes a gente acha que uma cervejinha aqui, um vinhozinho ali não tem problema. Até porque, é super indicado tomar uma taça de vinho tinto por dia e a gente acaba pensando que o que realmente faz mal para o bebê é tomar bebidas fortes.
A questão é: o álcool é um tipo de droga (apesar de lícita) e seu consumo moderado ou alto pode causar graves danos ao bebê, principalmente durante o início da gravidez; seu efeito é dose-dependente. Considera-se um consumo moderado a quantidade de 28,5mL a 59mL por dia. E ai, você está disposta a correr o risco de colocar a vida/saúde do seu filho em perigo? Porque mesmo depois do início da gravidez, ou seja, durante praticamente todos os outros meses, há o desenvolvimento cerebral do bebê. Ou seja, é fortemente indicado abster-se totalmente do álcool durante todo o período de gestação, e eu vou te mostrar o porquê!

O alcoolismo é um problema que afeta 1% a 2% das mulheres em idade fértil, talvez pelo fato de elas não terem consciência do mal que estavam causando ao bebê. Afinal, o abuso do álcool pela mãe, é a causa mais comum de retardamento mental.
Síndrome do Alcoolismo Fetal (SAF) é o nome dado ao padrão de anomalias físicas e mentais. Dentre elas, a deficiência no crescimento pré e pós-natal, o retardamento mental, dificuldades comportamentais e de aprendizado, microcefalia, nascimento prematuro e até a morte. A SAF afeta 2 em cada 1.000 nascidos vivos, aproximadamente 12 mil bebês por ano no mundo (OMS).
"Entretanto, nem sempre o neonato exposto nasce com SAF e, apesar de alguns déficits neurocomportamentais serem frequentemente relatados nessa síndrome (por exemplo, hiperatividade e déficit de atenção, déficit na coordenação motora, dificuldade em sociabilizar-se, déficits na cognição, habilidade matemática, fluência verbal e memória espacial), não existe um consenso para o fenótipo específico da SAF."
Distúrbio do Espectro do Álcool Fetal (DEAF) é o nome mais indicado para designar os efeitos do álcool no período pré-natal, pois quando no útero da mãe, o bebê não apresenta características disfórmicas externas, mas sim, deficiências no neurodesenvolvimento.
Abaixo uma ilustração de uma menina com SAF:
E abaixo, a foto de um bebê com a SAF:
“Lábio superior delgado fino, filtro alongado e pouco desenvolvido – fenda vertical na parte medial do lábio superior, fissuras palpebrais curtas, ponte do nariz achatada, nariz pequeno.” (Embriologia Clínica 8ª Edição, pág.487, figura 20.17. Cortesia do Dr. A.E. Chudley, MD, Section of Genetics and Metabolism, Department of Pediatrics and Child Health, Children´s Hospital, Winnipeg, Manitoba, Canada.)
E se você descobriu que estava grávida e que ingeriu bebida alcoólica nesse período? Vá falar com seu médico! Pois existem remédios como o buspirona que evitam o desenvolvimento e/ou o agravo da Síndrome do Alcoolismo Fetal, pois age como um antagonista serotoninérgico, agindo na diferenciação dos neurônios. Além disso, é importante que a criança seja estimulada quanto à sua capacidade motora e à sua memória.
"A detecção precoce da exposição pré-natal ao álcool, combinada com o monitoramento contínuo do progresso físico e mental do neonato, pode facilitar a intervenção, potencializando o desenvolvimento da criança, e prevenir doenças. Esta revisão mostra que existem meios de detectar se houve exposição intrauterina ao etanol, indicando que o neonato pertence ao grupo de risco no desenvolvimento de DEAF. A detecção precoce, por meio dos biomarcadores, fornece informações a respeito da intensidade da exposição e contribui para que sejam tomadas medidas para assistir a criança e a família na educação e desenvolvimento social."

Meu próximo post, Álcool e Gravidez.. Não! - Parte II, irá abordar o aspecto bioquímico do que ocorre quando há a ingestão de bebida alcoólica durante a gravidez.
Se cuidem meninas!

Referências Bibliográficas:
- Keith L. Moore, T.V.N. Persaud, Embriologia Clínica, 8a Edição Traduzida, Ed. Elsevier
-
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832011000300006&lang=pt
- Google Imagens